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Droga criada nos EUA causa menos efeito colateral ao tratar o diabetes

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Droga desenvolvida por cientistas americanos atua em nova via terapêutica sem causar problemas como hipoglicemia e aumento da pressão arterial. Resultados são detectados em voluntários em seis meses de tratamento.

O diabetes é um problema de saúde que atinge uma parcela significativa da população e atrapalha consideravelmente a vida dos pacientes. Para ajudar esse grupo de pessoas, pesquisadores têm se dedicado a criar medicamentos que tratem a enfermidade de maneira mais eficaz. Em uma pesquisa divulgada na edição desta semana da revista Science Translational Medicine, pesquisadores americanos testaram uma molécula que obteve resultados promissores em testes com animais e humanos.

O trabalho tem como base a glicoquinase (GK), enzima envolvida na degradação do açúcar e alvo de várias pesquisas que buscam novas opções para combater a doença metabólica. “Na última década, testemunhamos uma proliferação de terapias para o diabetes tipo 2, impulsionadas, em parte, por uma maior compreensão da fisiopatologia da doença. A identificação de vias predisponentes ajudou a concentrar o desenvolvimento de compostos que focam nesses processos. A glicoquinase é uma delas”, destacam os autores do artigo.

Apesar de promissor, o estudo dessa via não rendeu resultados sólidos na área terapêutica. Isso porque o estímulo da GK pode gerar diversos efeitos colaterais, como baixo nível de açúcar no sangue (hipoglicemia) e concentrações elevadas de triglicérides — que podem ser prejudiciais ao coração. Outro obstáculo é que as drogas vão perdendo a eficácia ao longo do tempo.

Para driblar esses efeitos indesejados, a equipe liderada por Adrian Vella, pesquisador do Centro de Pesquisa Mayo, nos Estados Unidos, testou uma série de moléculas até chegar a uma substância promissora: a droga batizada por eles de TTP399. A substância capaz de ativar a GK foi, inicialmente, avaliada em experimentos com ratos e miniporcos. Os pesquisadores observaram melhora nos níveis de açúcar no sangue (controle glicêmico) e diminuição da quantidade de gordura no fígado das cobaias.

Novas pesquisas

Para observar se o mesmo efeito ocorreria em humanos, os cientistas conduziram um ensaio clínico de seis meses com 190 indivíduos que tinham diabetes tipo 2. Os resultados foram extremamente positivos. “Dados desse estudo e resultados de estudos anteriores confirmam que, ao contrário de outros medicamentos que não são hepatos seletivos, o TTP399 não induz hipoglicemia, não tem efeito sobre as enzimas hepáticas e não aumenta pressão sanguínea”, destacam os cientistas.

Os autores adiantam que estudos adicionais e ensaios clínicos maiores são necessários para determinar se a eficácia da nova droga pode ser mantida por mais de seis meses. Eles pretendem coletar mais dados relacionados ao tempo de duração da substância e a outros possíveis danos decorrentes da ingestão a longo prazo.

“O perfil de segurança do TTP399 precisará ser determinado. A totalidade das evidências de nossa pesquisa pré-clínica e clínica indica que a droga pode ter um perfil superior em comparação com outras, sugerindo que ela seria um membro terapeuticamente viável dessa classe. Mas pesquisas adicionais sobre os seus efeitos em um ensaio clínico maior são extremamente necessárias para confirmar esses resultados promissores e descartar outros possíveis efeitos negativos que possam ocorrer”, ponderam os autores do artigo.

Multicausal

Patrícia Brunck, endocrinologista do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), destaca que o estudo americano é importante, já que possíveis armas de auxílio no combate ao diabetes são sempre bem-vindas. “Sabemos que é uma doença multicausal, envolve fatores relacionados ao fígado e ao estômago, por exemplo. Isso faz com que várias vias relacionadas possam ser exploradas e também aumenta a chance de que mais opções de tratamento surjam”, diz.

Brunck também destaca a importância da enzima escolhida pelos cientistas como alvo do estudo. “A glicoquinase ajuda a controlar o açúcar. Ela faz a homeostase da glicose. Esse estudo diz que os diabéticos podem ter uma mutação no gene responsável por ativar essa enzima, e isso desencadearia distúrbios”, detalha.

Segundo a especialista brasileira, mais estudos sobre o tema são necessários para que seja possível dar maior validade aos dados obtidos nos experimentos iniciais. “Os testes ainda estão no começo, é preciso analisar melhor a relação dos efeitos colaterais, saber se o uso por mais tempo mantém a segurança, não altera as enzimas do fígado nem os lipídios, por exemplo”, ilustra.

A especialista ressalta ainda a importância do surgimento de opções terapêuticas que sejam mais acessíveis. “Temos muitos remédios para tratar o diabetes tipo 2, mas um dos problemas é o custo, que é elevado. Por isso, também precisamos ressaltar a necessidade de opções mais razoáveis aos pacientes”, opina.

Brasil entre os líderes

Informações divulgadas, no ano passado, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 16 milhões de brasileiros têm diabetes. O relatório também informa que a taxa de incidência da enfermidade cresceu 61,8% na última década. Em relação às cidades, o Rio de Janeiro lidera o ranking, com 10,4 casos a cada 100 mil habitantes. O Brasil é o quarto país na lista mundial de diabéticos, perdendo apenas para China, Índia e Estados Unidos.

Fonte: Ciência e Saúde - CB - por Vilhena Soares. Postado em 17/01/2019

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