“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina)
Na abordagem das temáticas em seu trabalho, no lidar e na convivência com as pessoas com diabetes, o educador também se trabalha. Assim, ao observar com clareza as características, as necessidades, os direitos e os deveres prioritários da pessoa com diabetes dentro do processo educacional, o educador pode contribuir para um desenvolvimento saudável, tanto físico quanto emocional dos envolvidos.
Embora os temas básicos existentes sobre a doença e o autocuidado sejam trabalhados sistematicamente na educação em diabetes, pode-se optar por um programa flexível após conhecer o público a ser educado: DM1, DM2, criança, adolescente, adulto, cuidador? O que é mais urgente?
Os procedimentos adotados delimitarão responsabilidades coerentes com o que se pretende alcançar. Poderão ser feitas adaptações necessárias baseando-se nas informações imediatas do contexto, nos recursos disponíveis rumo a uma atuação humanizada. Valorizar as experiências, emoções e sentimentos, escutar além das palavras, enfim, demonstrar respeito pelo outro, facilitará a construção de um novo saber e fazer, sempre priorizando as mudanças necessárias.
Paulo Freire salienta em seus escritos que o homem é um ser de relações, que pode refletir e compreender a sua realidade, procurando soluções para transformá-la. Portanto, para construir uma nova relação consigo mesmo, com a doença, faz-se necessário para o educando, um bom convívio com o outro, com os grupos dos quais participa, incluindo aqui a família e a equipe de saúde, ou seja, todo o meio no qual a pessoa com diabetes está inserida.
Avalia-se esse processo de mudança de comportamento por acompanhar e analisar de forma critica o quanto se caminhou, quais são os progressos imediatos ou posteriores. As falas, gestos, silêncios, queixas, brincadeiras e os resultados de exames são determinantes.
Cada educador deve se desdobrar em torno dessa empreitada: observar as necessidades comuns das pessoas com diabetes, demandas básicas e adotar procedimentos que facilitem o atingir metas, ou seja, preocupar-se com o desenvolver capacidades e autonomia.
A eficácia dessa atuação pode abrir um novo campo de trabalho, reconhecido e imprescindível por contribuir com a qualidade de vida da pessoa com diabetes e até na redução de gastos com a saúde. Na revista The Diabetes Educator Martin e col. destacam que o futuro da educação em diabetes tende a ser promissor. A demanda por educadores aumenta e o trabalho será ampliado para além do ambulatório tradicional e irá se consolidar em empresas, clínicas, farmácias, indústria e vários outros locais facilitando o enfrentamento saudável, a redução de riscos e a diminuição do ônus econômico.
O educador em diabetes tem um papel ativo na transformação do educando em sujeito da sua trajetória de autocuidado. Por se tratar de um dos pilares do tratamento, a educação em diabetes deve ser uma atividade constante. Cabe ao educador a contínua atualização de conhecimentos sobre a doença, desenvolvimento das habilidades pedagógicas com programas educativos viáveis. Conforme poetizado por Cora Coralina, tais esforços podem trazer benefícios a todos os envolvidos: o educando e o educador.
Informações do Autor
Sônia Maria do Carmo Maulais
Psicóloga do Ambulatório de Diabetes Tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte
Mestre em Educação em Diabetes pelo IEP Santa Casa Belo Horizonte