Fonte: SBD
A Associação Americana de Diabetes (ADA), no seu suplemento publicado no Diabetes Care, em janeiro de 2008, informa que existem dados sugerindo que o consumo de uma dieta com alto teor de fibras (50 g/dia) reduz a glicemia em pessoas com diabetes tipo 1 e reduz a glicemia, a hiperinsulinemia e a lipemia em pessoas com diabetes tipo 2.
No entanto, também é reconhecido que atingir esta meta de consumo pode ser difícil em virtude de efeitos como alteração negativa na palatabilidade das refeições, escolhas alimentares limitadas e desconfortos gastro-intestinais (exemplo: flatulência).
Apesar disto, deve-se encorajar um bom consumo de fibras por pessoas com diabetes e, é dada ênfase no documento, que a primeira prioridade deve ser estimular essas pessoas a alcançarem o teor de fibras recomendado para toda a população (14 g para cada 1000 kcal consumidas).
Logo, uma alimentação em torno de 2000 kcal por dia, deve também fornecer 28 gramas de fibras.
Considerando o papel auxiliar das fibras no perfil lipídico, a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2007), recomenda o consumo de 20 a 30 gramas por dia, sendo 5 a 10 gramas de fibras solúveis "como medida adicional para redução do colesterol".
Alimentos como frutas, hortaliças, grãos e cereais integrais são fontes de fibras e de outros nutrientes importantes. Entre as funções das fibras alimentares podemos citar: Regulação do transceptor intestinal e melhora na sensação de saciedade, ajudando no controle de peso.
As fibras solúveis, presentes especialmente na aveia e nos feijões, podem auxiliar na redução do colesterol sangüíneo.
Quando avaliamos a ingestão alimentar dos usuários dos serviços de Nutrição, o mais comum é encontrar inadequação no teor de fibras, ou seja, o consumo está aquém do ideal.
Como exemplo, cito um caso, cujo hábito alimentar evidenciava um baixo consumo de alimentos fontes de fibras, vitaminas e minerais. Apesar da monotonia, o consumo calórico estava adequado de acordo com peso, atividade e idade, porém o teor de fibras era de 19,5 gramas, enquanto que o esperado era de, no mínimo, 25 gramas por dia.
Tal constatação levou a uma orientação negociada com o usuário de modo a incluir outros alimentos no seu cardápio, sem gerar uma mudança radical de hábito, mas que efetivamente gerasse um aumento no teor de fibras e também de outros nutrientes como vitaminas e minerais.
Foram então sugeridas outras opções, como substituição de suco por fruta, acréscimo de frutas e inclusão de mais vegetais e opção para o pão, em quantidades viáveis para o consumo, tanto do ponto de vista econômico como na facilidade de execução.
A substituição dos sucos por frutas, bem como pão branco pelo pão integral e um pequeno aumento das porções de vegetais (crus e cozidos), foram suficientes para atingir a meta de fibras.
Outros opções seriam estimular o consumo de aveia ou incluir vegetais nos sanduíches, favorecendo atingir a meta.
Assim, atingir a meta em relação às fibras, pode não ser tão difícil na prática clínica. O importante é respeitar o hábito da pessoa e estimular pequenos acréscimos ou trocas que melhorem o perfil da refeição sem descaracterizá-la.
Criatividade e respeito ao hábito parecem ser a chave da adesão.