Testado em 413 pacientes europeus, tratamento não invasivo causa remissão completa do tumor em 49% deles. A ausência de efeito colateral a longo prazo e a possibilidade de uso contra outros carcinomas também são atrativos da técnica.
Descoberto precocemente, o câncer de próstata fica sob vigilância ativa em pacientes com baixo risco de evolução da doença. Os impactos do tratamento tradicional, como remoção total da glândula e radioterapia, podem ser tão grandes que médicos preferem acompanhar o que vai ocorrer com o tumor dentro do paciente. Uma terapia já em testes avançados poderá mudar a prática. Por meio de fotodinâmica, estimulação com luz, o carcinoma desaparece sem que o homem enfrente complicações como impotência e incontinência urinária a longo prazo. Detalhes do experimento conduzido na University College London (UCL), no Reino Unido, foram divulgados, mês passado, na revista The Lancet Oncology.
Conduzido em 47 centros e hospitais comunitários de 10 países europeus, o ensaio clínico de fase 3 — para demonstrar a eficácia e a segurança da técnica — contou com a participação de 413 pacientes, com idade entre 45 e 85 anos. Eles foram divididos de forma aleatória em dois grupos: o que ficou sob vigilância ativa e o que recebeu a terapia fotodinâmica vascular direcionada (VTP). Quase a metade, 49%, dos homens submetidos à nova terapia teve remissão completa do câncer de próstata, contra 13,5% do grupo controle. Apenas 6% dos pacientes do primeiro grupo precisaram de tratamento adicional. No grupo de vigilância ativa, a taxa foi de 30%.
“Esse é realmente um salto enorme para o tratamento do cancro da próstata, que está décadas atrás de outros cânceres sólidos, como o de mama (..) Em câncer de próstata, ainda estamos comumente removendo ou irradiando toda a próstata, de modo que o sucesso desse novo tratamento de preservação de tecidos é uma boa notícia”, comemora Mark Emberton, reitor da UCL Medical Sciences, professor de oncologia intervencionista na London Global University e principal autor do estudo.
A VTP consiste na aplicação da droga fotossensível WST11 na área afetada. A substância é derivada de bactérias que vivem no fundo do oceano e, para sobreviver em um ambiente escuro, conseguem converter a pouca luz existente em energia. O composto usado na pesquisa, quando ativado por luz laser, mata as células cancerígenas e corta o fornecimento de sangue na área. O tumor morto é eliminado por células de defesa do paciente e há a preservação do tecido saudável da próstata.
Fonte: portal Ciência e Saúde do Correiro Braziliense - postado em 10/01/2017 , por
Marianna França