Oi gente, como vocês estão?
Antes de mais nada, para situa-los, tenho uma pancolite grave, refratária às terapias convencionais com imunossupressores e biológicos. Tive falha com o Entyvio em Julho e esses dias estava novamente pensando em alternativas para lidar com a doença, afim de evitar a colectomia e reduzir ou ficar livre de corticóides. Acabei encontrando uma notícia no site ibdnewstoday.com que relatava o caso clínico de um garoto diagnosticado aos 9 anos com doença de Crohn e que havia sido hospitalizado em várias ocasiões. Vocês conhecem bem o quadro: ele não tinha apetite, teve queda de peso e não respondeu aos tratamentos convencionais.
Embora ele tenha respondido bem inicialmente ao Remicade (infliximab), ele perdeu resposta após algumas semanas.
Pois bem: o menino começou a tomar uma combinação de Δ9-tetrahidrocannabinol (THC) e cannabidiol (CBD) três vezes ao dia. Com doses de 3 mg de cada terapia. Segue um trecho do resultado: "O paciente e a família relataram melhora sintomática quase imediata, com aumento do apetite e peso corporal, redução das pontuações inflamatórias e indução de remissão", informou o estudo.
Após um mês desse combo, as pontuações de calprotectina caíram de 2.000 μg / g para 86 μg/g e o garoto entrou em remissão clínica, mantida por mais de um ano.
Gente. Duas coisas. Achei muito bacana encontrar esse texto, pois acho que é uma das primeiras vezes que vi um relato preciso de dosagem em relação ao uso de cannabis para fins medicinais e aí fiquei pensando: Porquê o interesse 0 de gastroenterologistas e coloproctologistas brasileiros em torno da maconha medicinal? No caso da epilepsia refratária, há muito conhecimento em torno, já para doenças inflamatórias intestinais, não há produção científica alguma. Já pesquisei algumas vezes no Lattes afim de encontrar algum pesquisador interessado no tema, mas sem sucesso algum.
E mais uma coisa, nós como pacientes devíamos exigir esse conhecimento dos médicos. E se for realmente uma terapia próspera? Claro que ensaios clínicos randomizados precisam ser feitos, mas para pacientes refratários, isso é de extrema urgência. Quem sabe com a regulação da Anvisa as coisas andam. Para os interessados, deixo o link (está em inglês), e se quiserem, nos comentários fale se você usaria ou não, ou se se interessaria em se beneficiar de uma terapia dessas. Talvez seja um começo para nos organizarmos melhor como pacientes em busca de soluções mais eficazes para lidar com as DII's.
Abraços!