Houve um tempo em que a prevenção ao câncer de próstata era negligenciada, em função dos preconceitos impostos por uma cultura machista. E só conseguimos combater o preconceito com informação. Iniciativas como o “Novembro Azul”, tem contribuído para esclarecer o tema, tirando das sombras as histórias e os riscos desta enfermidade, que mata um homem a cada 40 minutos no Brasil.
Atualmente, a informação e o diagnóstico precoce são os principais aliados das pessoas na luta contra a doença. Por isso, nunca é tarde para esclarecer algumas questões e chamar a atenção da comunidade para os efeitos e tratamentos disponíveis para o câncer de próstata. Quando bem orientados, os pacientes têm a consciência de que é possível manter uma vida normal e saudável, inclusive no âmbito sexual, após a cura. O desempenho sexual do homem não é afetado após o tratamento. Nem mesmo a sua fertilidade.
Existem diferentes formas de tratamento do câncer de próstata, indicados de acordo com o seu estágio. As mais frequentes são a cirurgia para retirada da próstata e a radioterapia, procedimentos que interferem na perda da capacidade reprodutiva pela via habitual – relação sexual. Isso acontece porque, dependendo do procedimento empregado, poderá haver uma redução na produção de espermatozoides ou até mesmo a perda da capacidade ejaculatória, em função da retirada da próstata e das vesículas seminais. Isso faz com que haja a produção espermática, mas os espermatozoides não sejam liberados – o que não quer dizer que o sonho da paternidade precise ser extinto.
A medicina reprodutiva tem condições de acolher esse paciente e ajudá-lo a identificar o melhor caminho para a realização desse objetivo. Uma das alternativas disponíveis no diagnóstico precoce é congelar o sêmen antes de dar início ao tratamento. Esta decisão dará ao paciente condições de planejar a gestação para o momento ideal e se preparar para essa decisão. Para aqueles que não congelaram o sêmen, a alternativa é a biopsia para retirada dos espermatozoides diretamente dos testículos e posterior fecundação por meio da chamada fertilização In Vitro com injeção intracitoplasmatica de espermatozoides (FIV e ICSI).
Não é preciso temer ou mudar seus projetos. O câncer de próstata tem cura e as chances são ainda maiores para quem mantém um acompanhamento regular com um especialista.
Fonte: Saúde Plena do EM, 30/1102916
Foto: shutterstock
Por: Selmo Geber .
Selmo Geber é graduado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduação e doutorado em fertilização in vitro e embriologia no Royal Postgraduate Medical School, da Universidade de Londres (Inglaterra). É professor titular do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG, onde atua desde 1997 e, há 20 anos, trabalha como especialista em fertilidade na Clínica Origen.