Homens historicamente negligenciam a própria saúde (foto: Soraia Piva / EM / D.A Press)
Tratamento integrado de vários especialistas garante melhor resultado ao paciente
O preconceito aliado à falta de informação leva homens a ignorar as consultas aos urologistas e, consequentemente, aos exames que podem identificar o câncer de próstata, como o toque retal.
Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostra que 51% dos homens nunca consultaram um profissional da área, o que negligencia uma das doenças mais comuns entre o gênero. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que em 2016 estão estimados 61,2 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil, o que representa sete novos casos a cada hora.
A campanha Novembro Azul vai alertar a população para a realização do exame de toque e da dosagem sanguínea do PSA (Antígeno Prostático Específico) que podem indicar precocemente o aparecimento do tumor e evitar as consequências do segundo câncer que mais mata entre os homens.
Para o tratamento contra a doença ser eficiente, é necessário que o tumor seja identificado o mais rápido possível. Para isso, a conscientização da população é importante.
“As campanhas têm como objetivo passar as informações. No momento em que tem o conhecimento, o homem vai procurar tratamento. O câncer de próstata é um dos mais comuns no homem, mas não o que mais mata, pois pode ter comportamento indolente e muitas vezes conseguimos curá-lo”, explica o médico urologista Bruno Mello Santos, do Hospital Integrado do Câncer Mater Dei – HIC.
Quando o tumor é identificado precocemente, os pacientes podem ser operados, submetidos a radioterapia, ou mesmo serem somente acompanhados sem nenhum tipo de tratamento.
“Temos uma chance de cura, dependendo das características do câncer, de mais de 95%. São números expressivos, em se tratando da cura dessa doença tão frequente”, afirma o urologista.
EXAME DE PSA
Nos últimos cinco anos, o número de mortes por câncer de próstata aumentou.
Isso ocorreu, segundo defendem alguns médicos, depois que uma organização não governamental norte-americana (USPSTF) preconizou que a dosagem do antígeno prostático específico, o PSA – substância produzida pela próstata – não mais deveria ser realizada rotineiramente.
A USPSTF defendeu que não havia benefícios para o uso do diagnóstico precoce.Porém, pesquisas mostraram o contrário.
“Os pacientes que nunca realizavam o PSA tinham sua doença diagnosticada em fases mais avançadas, e, com isso, maior incidência de metástases, do que os que realizavam exames rotineiros, inclusive o PSA. Além disso, o impacto do rastreamento sobre a mortalidade, a qualidade de vida, a diminuição de metástases, dor, internações por obstrução da bexiga com coágulos, necessidade de hormonioterapia e/ou quimioterapia ou tratamentos dispendiosos da doença nas fases mais avançadas, e outros benefícios aqui não mencionados, não podem ser avaliados, e certamente seriam maiores no grupo que não realizasse o rastreamento com o PSA”, comenta Francisco Bretas, coordenador do Serviço de Urologia da Rede Mater Dei de Saúde.
O Mater Dei manteve a dosagem do PSA, seguindo orientação da Sociedade Brasileira de Urologia, e obteve bons resultados. A Rede detecta média de 30 novos casos de câncer de próstata por mês. A estimativa de cura com os atendimentos é de quase 100%.
O aposentado Corsini Basílio Martins, de 80 anos, morador de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, começou o tratamento do câncer na sua cidade. “Vi que o PSA subiu e passei por uma biópsia, que deu um princípio de câncer. Por influência de minha família, que se reuniu e me orientou, passei a fazer todo o atendimento no Mater Dei”, conta.
No HIC, Corsini recebeu um atendimento multidisciplinar para reconhecimento do tipo de câncer e a melhor forma de tratamento. Realizou exames, mas não precisou passar por nenhum procedimento cirúrgico, apenas pela quimioterapia. Passou por 36 sessões até a alta.
“Foram três anos desde que tudo começou. Agora minha vida está normal. Voltei a praticar meus esportes que sempre gostei, como a corrida e a peteca. Corro todos os dias seis quilômetros pela manhã” diz, animado.
Este ano, durante a Campanha Novembro Azul, será realizado o 1º Simpósio de Uro-oncologia da Rede Mater Dei de Saúde. O evento vai ocorrer em 5 de novembro com o intuito de difundir as informações sobre o câncer de próstata e mostrar integração das equipes de diversas áreas para discutir os casos.
CAMPANHA MATER DEI NA LUTA PELO CÂNCER
Todos os anos, no mês de novembro, o Mater Dei realiza essa campanha para celebrar o Dia Nacional de Combate ao Câncer, em 27/11. O objetivo é disponibilizar assistência médica para o diagnóstico precoce do câncer de próstata e mama para pessoas que não possuem plano de saúde. São seis anos da inciativa, que fez rastreamentos de 500 homens, acima dos 50 anos, por meio do exame urológico (toque retal) e PSA. Foram sete casos diagnosticados, todos em fase inicial. Todos fizeram tratamento e passam bem.
ATENDIMENTO INTEGRAL
O paciente diagnosticado com câncer que procura atendimento no HIC tem apoio de uma equipe multidisciplinar. “Nosso intuito é proporcionar o melhor atendimento aos pacientes. Os grupos modulares foram criados para dar uma linha de atendimento integral aos pacientes. Na hora que ele chega ao hospital até a hora que ele sai”, afirma Enaldo Melo, coordenador do Hospital Integrado do Câncer Mater Dei – HIC.
Neste conceito, os casos são discutidos individualmente entre os diversos profissionais de cada área. “Com isso, você atende melhor o paciente e consegue dar melhores orientações. Consegue centralizar o cuidado e ficar mais atento para cada caso especifico, diminuindo o número de exames e de tratamentos fúteis ou danosos aos pacientes”, acrescenta Melo.
Desde que foi implantado o HIC, os indicadores são os melhores. De acordo com Enaldo, os dados do Ministério da Saúde revelam que de cada 100 pacientes que chegam ao Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, 70 têm que passar por tratamentos sistêmicos, como quimioterapia, aplicação de hormônio, independentemente de fazer cirurgia ou radioterapia. No HIC, a cada 100 pacientes, somente 30 recebem tratamento. Para discutir cada caso, os médicos de diferentes áreas fazem reuniões periódicas para falar sobre a situação individual de cada pessoa, buscando o melhor tratamento para os portadores de câncer dos diferentes tipos, não apenas o de próstata.
Fonte: Saúde Plena do EM