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Vitamina D Não Previne o Diabetes, Afirma Estudo Norte-Americano

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Cientistas chegam à conclusão após acompanhar 2.423 adultos com alto risco de desenvolvimento da doença metabólica.

Tomar uma dose diária de vitamina D não previne o surgimento do diabetes 2 em adultos com alto risco da doença, segundo um estudo financiado pelo Instituto Nacional de Diabetes e de Doenças Renais e Digestivas dos Estados Unidos (NIDDK, sigla em inglês). Pesquisas anteriores sugeriam essa associação mas, de acordo com o novo trabalho, publicado na revista New England Journal of Medicine e divulgado em um congresso científico em San Francisco, o suplemento não traz benefícios nesse caso. Participaram 2.423 adultos de 22 cidades norte-americanas.

O estudo é o maior até hoje a examinar diretamente se a suplementação de vitamina D ajuda pessoas em risco para diabetes 2 desenvolverem a doença. A pesquisa incluiu adultos com mais de 30 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos: ou tomavam 4 mil unidades internacionais (UI) da forma D3 da vitamina D diariamente, ou ingeriam uma pílula de placebo. Todos os participantes tiveram os níveis da substância medidos no início dos testes. Naquele momento, 80% apresentavam quantidades suficientes para os padrões estabelecidos.

“Estudos observacionais (que não analisam causa e efeito) sugeriam que baixas doses de vitamina D estavam relacionadas ao risco aumentado para diabetes tipo 2”, diz Myrlene Staten, cientista que projetou o trabalho atual no instituto norte-americano. “Além disso, pequenas pesquisas concluíram que a vitamina D poderia melhorar a função das células beta, que produzem insulina. Porém, se a suplementação poderia ajudar a prevenir ou adiar o diabetes 2 era algo desconhecido”, afirma.

Para responder a essa questão, os participantes foram testados a cada três ou seis meses por uma média de 2,5 anos, com objetivo de determinar se o diabetes havia se desenvolvido. Os pesquisadores, então, compararam o número de pessoas em cada um dos dois grupos (suplemento real ou placebo) que progrediram para a doença. No fim, 293 (24,2%) dos 1.211 participantes incluídos no grupo da vitamina D apresentaram o problema, comparado com 323 dos 1.212, ou 26,7%, dos demais, uma diferença insignificante do ponto de vista estatístico. Os pesquisadores acreditavam, no início, que poderiam detectar uma redução de risco de 25% ou mais.

Perfis variados

O estudo contou com participantes com características diversas, incluindo sexo, idade e índice de massa corporal (IMC), assim como etnia. Essa representação ajuda a garantir que os resultados sejam aplicáveis a todo tipo de pessoas em risco alto para desenvolvimento de diabetes 2, segundo os cientistas. “Além do tamanho, uma das maiores forças do estudo é a diversidade de participantes, o que nos permitiu examinar o efeito da vitamina D em uma grande variedade de pessoas”, justifica Anastassios G. Pittas, principal autor e pesquisador do Centro Médico Tufts, em Boston. “No fim, não detectamos diferenças significativas entre os dois grupos, independentemente de idade, sexo ou etnia.”

No mercado brasileiro, o consumo das suplementações de aminoácidos, vitaminas e minerais, entre outros, chegou a 53% em uma pesquisa com 1 mil pessoas acima de 17 anos, encomendada por associações do setor. Nos Estados Unidos, mais de 50% dos adultos tomam suplementos nutricionais, e o uso da vitamina D aumentou substancialmente ao longo dos últimos 20 anos.

Dose segura

Por causa dessas tendências, a pesquisa financiada pelo NIDDK avaliou também a segurança de se tomar 4 mil UI de vitamina D diariamente, uma quantidade maior que a dose diária recomendada (600 a 800 UI). Os pesquisadores não viram diferença no número e na frequência de efeitos colaterais, como níveis altos de cálcio na corrente sanguínea ou pedras nos rins, comparando os grupos de placebo e da suplementação.

Quanto ao diabetes, Griffin P. Rodgers, diretor da NIDDK, frisa que há outras formas já constatadas cientificamente de prevenção da doença. “O diabetes tipo 2 não é algo inevitável, mesmo para aqueles com alto risco para a doença. Em busca de novas formas de preveni-la, sabemos que a mudança de estilo de vida ou o uso da metformina permanece como métodos eficazes”, conclui.

“O diabetes tipo 2 não é algo inevitável, mesmo para aqueles com alto risco para a doença. Em busca de novas formas de preveni-la, sabemos que a mudança de estilo de vida ou o uso da metformina permanece como métodos eficazes”, Griffin P. Rodgers, diretor do Instituto Nacional de Diabetes e de Doenças Renais e Digestivas dos Estados Unidos, que financiou a pesquisa.

Fonte: Ciência e Saúde - Correio Braziliense - em 11/06/2019

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