O principal papel dos antiangiogênicos é a interrupção da perda de visão.
Na última década houve grande avanço no tratamento de doenças vasculares da retina, principalmente no que se refere à degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e à retinopatia diabética (olho diabético). Ambas são afetadas diretamente pelo ‘fator de crescimento epitelial vascular’ (VEGF), que, por um lado, desempenha importante papel regulador, mas, por outro, seu aumento provoca danos na formação vascular, acelerando as doenças da retina. Entre os tratamentos mais recentes em Oftalmologia estão as ‘injeções intravítreas de antiangiogênicos’ – que no Brasil já receberam aprovação da Anvisa.
O principal papel dos antiangiogênicos é a interrupção da perda de visão. Embora nem todo paciente possa recuperar a visão perdida, as injeções intravítreas impedem a progressão da doença, evitando que a pessoa acabe ficando cega. Com anestesia local e pupilas dilatadas, a injeção é aplicada diretamente no vítreo, camada gelatinosa localizada entre a retina e o cristalino.
Para alcançar resultados duradouros é fundamental que o procedimento seja repetido em intervalos regulares e que o paciente use colírios antibióticos durante o tempo prescrito pelo oftalmologista – em média, trinta dias. Ensaios clínicos demonstram que a aplicação de antiangiogênicos melhora em até 34% a visão central e estabiliza a visão em 90% dos casos. Por isso é considerado um método altamente eficaz.
A efetividade das injeções de antiangiogênicos foi primeiramente percebida no tratamento da DMRI do tipo exsudativo (com secreção). Neste caso, vasos sanguíneos anormais se formam sob a mácula – pequena área central da retina que contém maior densidade de fotorreceptores e é responsável pela percepção de detalhes. A doença atinge 30% da população com mais de 75 anos e está estreitamente associada a fatores como predisposição genética, exposição aos raios ultravioleta, hipertensão, obesidade, consumo excessivo de gorduras vegetais e dietas pobres em frutas, verduras e zinco. Fumantes ativos e passivos também estão mais sujeitos a manifestar essa alteração. Diante de importantes resultados, o uso das injeções intravítreas se estendeu para o tratamento de outras doenças vasculares da retina, como a retinopatia diabética.
Vale ressaltar que, assim que a pessoa se torna diabética está apta a apresentar problemas de visão a qualquer momento. Daí a importância de um acompanhamento oftalmológico frequente. Como o comprometimento da retina pode ser assintomático, sem alterações na qualidade da visão, o exame de fundo de olho é fundamental para detectar pontos e vasos sanguíneos propensos a romper e desencadear hemorragia. Embora os estudos realizados nos últimos cinco anos apontem para o sucesso das injeções intravítreas de antiangiogênicos tanto no tratamento de DMRI quanto na retinopatia diabética, em casos raros pode haver complicações, como descolamento da retina, formação de catarata e aumento ou redução da pressão intraocular. Entretanto, os resultados alcançados têm compensado os riscos.
Prof. Dr. Renato Augusto Neves é médico oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo (SP) – eyecare.com.br
Fonte: Portal Revista Hospitais Brasil