Esclarecendo Dúvidas sobre o Diabetes Mellitus
Nosso portal há anos vem trazendo informações sobre o diabetes, desde estudos acadêmicos que visam ao tratamento, bem como matérias sobre nutrição, atividade física, contando as histórias de como cada pessoa enfrenta a doença, assim como reagem os familiares, amigos e cuidadores. Apesar do grande número de temas ser escolhido a “dedo” pela jornalista responsável, cuja finalidade se destina ao aprimoramento do conhecimento por parte de seus leitores, ainda percebemos que existem muitas dúvidas a esclarecer no que diz respeito ao controle glicêmico, o que implica abordarmos sobre os cuidados com a alimentação. Sim, somos o que comemos e esse, é o assunto dessa matéria.
Os nutrólogos e nutricionistas orientam seus pacientes com diabetes fazerem a contagem de carboidratos para impedir que a glicemia se desestabilize. Começaremos por aqui. Vocês sabem o que são carboidratos?
Os carboidratos, também chamados de glicídios e açúcares são moléculas orgânicas constituídas por carbono, hidrogênio e oxigênio. São as principais fontes de energia do organismo; o cérebro é um dos órgãos que não funciona sem glicose disponível na corrente sanguínea. Quando há uma diminuição no consumo desse nutriente, há uma produção exagerada de corpos cetônicos, uma vez que o organismo utiliza proteínas como fonte de energia, levando a uma intoxicação, isto pode ser comprovado quando a pessoa apresentar dores de cabeça, mau hálito, perda de massa muscular, insônia, alteração de humor, tremores e até desmaio. É por essa razão que não se recomenda dietas restritivas de carboidratos. Encontramos no mel, pães, torradas, batatas, arroz, cereais integrais como aveia, linhaça, farelo de trigo, milho e frutas as suas principais fontes.
Agora, conheça os tipos de carboidratos. Essa classificação se baseia na quantidade de átomos de carbono que estão presentes em suas moléculas. E assim, os monossacarídeos são aqueles de constituição mais simples e apresentam de três a sete átomos de carbono em sua estrutura. São representados pela glicose (açúcar presente no xarope de milho, mel, batata, arroz, farinha, doces), frutose (açúcar presente nas frutas) e galactose (não é encontrado livre na natureza. Combinado com a glicose forma a lactose. Está presente no leite e nos produtos lácteos).
Os dissacarídeos são moléculas solúveis em água resultantes da união de dois monossacarídeos por uma ligação glicosídica. Quando ocorre esse evento, há liberação de uma molécula de água (desidratação). Citamos como exemplos a sacarose (glicose + frutose), que é o açúcar refinado, extraído da cana de açúcar, da beterraba, da uva e do mel; a maltose (glicose + glicose) é o açúcar do malte. Não é encontrado livre na natureza e, portanto, é obtido pela indústria através da fermentação de cereais em germinação, tais como a cevada; a lactose(glicose + galactose) é o açúcar do leite, o qual é sintetizado nas glândulas mamárias dos mamíferos.
Já, os polissacarídeos são formados pela união de diversos monossacarídeos (apresentam cadeias longas), não são solúveis em água e podem apresentar moléculas de nitrogênio e enxofre em sua estrutura. São representados pelo amido, presente nos grãos e cereais como trigo, aveia, centeio, cevada, milho, arroz, raízes e tubérculos como mandioca, batatas e inhame; celulose, contida nas frutas, hortaliças, legumes, grãos, nozes e cascas de sementes e pelo glicogênio, os polissacarídeos mais conhecidos.
Caro leitor, você já deve ter ouvido falar em carboidratos simples e complexos. Entenda a diferença. Os carboidratos simples possuem estrutura química molecular de tamanho reduzido (monossacarídeos e dissacarídeos) e, por isso, a digestão e a absorção deles pelo organismo ocorrem rapidamente, levando a um aumento dos níveis de glicose no sangue (glicemia). Isso implica que se sinta fome logo após a refeição. Citamos como exemplos: as frutas, mel, xarope de milho, arroz branco, açúcar, pães e massas preparadas com farinha branca, refrigerantes, biscoitos. É por esta razão que não devemos exagerar no consumo de frutas, pois a frutose atua no aumento da resistência insulínica. Prefira associá-la a uma fibra como cereal integral sem açúcar ou ao iogurte desnatado não adoçado.
Os carboidratos complexos possuem estrutura química maior (polissacarídeos) e, por isso, são digeridos e absorvidos mais lentamente, proporcionando aumento gradual da glicemia sanguínea e saciedade por mais tempo, tendo em vista a maior quantidade de vitaminas, minerais e fibras em sua constituição. Isso justifica a escolha desses nutrientes por médicos e nutricionistas a orientar seus pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2 para que passem a consumi-los. Pertencem a esse grupo: arroz, massas e pães integrais, grão de bico, maçã, batata doce, sementes, vegetais e mandioca.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a distribuição dos macronutrientes para indivíduos saudáveis seja de 55 a 75% de carboidratos, 10 a 15% de proteínas e 15 a 30% de gorduras. Vale lembrar que o consumo excessivo de carboidratos pode acarretar aumento de peso e dos triglicérides, bem como do risco de diabetes mellitus tipo 2.
*Dra. Eliana Pirolo é cirurgiã dentista, especialista em Homeopatia pela Associação Paulista de Homeopatia (APH), especialista em Saúde da Mulher no Climatério pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina e Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM).
Fonte: Laboratório Roche