Médico funda associação que prioriza a mudança de estilo de vida na prevenção de doenças
Algumas escolhas na vida podem influenciar a saúde do corpo e da mente mais do que tomar remédio todos os dias para prevenir ou tratar doenças. Com essa visão, o cardiologista Fábio César dos Santos resolveu reunir 30 colegas de profissão de diversas especialidades para fundar a Associação Brasileira de Saúde Funcional e Estilo de Vida nesta terça-feira (7), data escolhida a dedo por se comemorar exatamente o Dia Mundial da Saúde.
— A ideia é mostrar ao profissional de saúde que a mudança do estilo de vida é capaz de reduzir as doenças crônicas no Brasil. Estudos mostram que nutrição adequada, prática de exercício físico, sono de qualidade, controle de estresse e modificações ambientais podem diminuir em até 80% o desenvolvimento dessas doenças.
Embora seja uma entidade voltada para profissionais da saúde, Fábio, que também é pós-graduado em Nutrologia, acredita que educar o médico reflete diretamente nos bons hábitos do paciente.
— Muitas vezes o próprio médico está acima do peso, é hipertenso, fuma e não faz exercício físico. Então, como falar para o paciente que é preciso mudar hábitos? No meu dia a dia de trabalho, costumo mostrar que o remédio nem sempre é a única solução.
Como exemplo, o cardiologista conta que no próprio consultório mostra para o indivíduo hipertenso que técnicas de relaxamento ajudam a diminuir a pressão alta.
— É preciso mudar o foco de um sistema cartesiano de saúde. Com a fundação da associação queremos apoiar o ensino das práticas em medicina do estilo de vida, sem focar na doença, mas na prevenção.
A crítica do médico vai além do sistema de saúde. Para ele, a mudança deve começar na visão acadêmica, de como olhar o paciente.
— O médico também precisa aprender nutrição na faculdade, mas isso infelizmente na prática não acontece. Assim, alimentação será um dos temas que vamos abordar nos cursos promovidos pela associação.
O médico reforça que não é contra o uso de medicamento, mas a favor de priorizar a mudança de estilo de vida na prevenção de doenças.
— Adotar hábitos saudáveis não significa abolir o remédio da rotina. A ideia é reduzir a necessidade de comprimidos para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Segundo o cardiologista, a associação foi criada com base em outros modelos internacionais que tem como foco o equilíbrio entre corpo e mente. Tanto que a entidade brasileira já conta com o apoio das sociedades americana e europeia de medicina do estilo de vida, orgulha-se Fábio.
— Fiz parte de vários grupos internacionais que estudam o equilíbrio da saúde no combate de doenças. Com essa visão, há dois anos luto pela medicina do estilo de vida e agora consegui colocar o meu projeto em prática.
Apesar de ainda estar engatinhando, já que a associação conta apenas com profissionais voluntários, Fábio está certo de que sua iniciativa vai cumprir a missão de “prevenir antes de tratar a doença”.