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O uso da insulina por piloto de aeronave pode impedir o exercício de sua profissão de voar?

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Recebi de um piloto de aeronave o comentário abaixo abordando o problema que está enfrentando pelo fato de receber tratamento insulínico e, por isso, as autoridades aeronáuticas não estão permitindo a renovação de sua certificação profissional.

Veja logo a seguir minha opinião pessoal sobre esse assunto, que não reflete necessariamente a opinião atual da Sociedade Brasileira de Diabetes.

“Li uma matéria sua no site da SDB, falando sobre análogos de insulina, sou piloto diabético e faço uso de insulina Lantus, há aproximadamente 5 anos, sempre declarei minhas condições nas inspeções médicas, mas esse ano, ao realizar inspeção no Hospital da Aeronáutica em Brasília, após um jejum prolongado meu exame de glicose em jejum deu alterado e há 3 meses estou com status não apto e a justificativa da ANAC deve-se ao fato de que eu faço uso de insulina e segundo eles se eu conseguisse o controle por meio de medicações via oral não haveria problema.

Estou prestes a tentar por meios jurídicos, brigar pelo meu direito de voltar a voar, pois nunca nesses 5 anos eu tive uma hipoglicemia em voo. Sempre coloquei a segurança de voo em primeiro lugar, e se o diabetes me afetasse eu concordaria em parar de voar. Gostaria de entender melhor o que são análogos de insulina.”

A polêmica sobre a segurança de voo proporcionada por piloto em tratamento insulínico ainda será debatida por longo tempo. As regras atuais em muitos países são bastante restritivas e, em minha opinião, preconceituosas em relação à avaliação da capacidade ou incapacidade de pilotos para o exercício dessa profissão. Há cerca de 40 anos, tive a alegria de obter meu certificado de piloto privado, uma vez que tinha por objetivo entrar na escola Varig de aviação, mas acabei mesmo indo para a medicina.

Minha opinião técnica atual sobre este assunto é que pilotos de avião e/ou motorista veículos automotores devam ser avaliados anualmente depois dos quarenta anos de idade. Em caso de suspeitas ou manifestações sugestivas de diabetes tipo 1, essa avaliação deve ocorrer tão precocemente quanto possível, objetivando a definição de uma abordagem terapêutica que seja segura e eficaz para proporcionar um controle adequado do diabetes e capaz de prevenir estados glicêmicos de hipo ou hiperglicemias.

As quatro intervenções sequenciais em relação ao diabetes em pilotos devem seguir uma sequência definida, tal como:

1) diagnóstico preciso e precoce, através de avaliações anuais quando o piloto tiver história familiar ou fatores de risco para diabetes;

2) intervenção intensiva da automonitorização domiciliar da glicemia com o objetivo de se determinar o perfil glicêmico diário e sequencial;

3) definição e revisões contínuas das abordagens terapêuticas;

4) avaliação permanente da adesão do piloto às recomendações recebidas da equipe de saúde; e

5) rígida avaliação do controle glicêmico para se constatar a eficácia do tratamento que está sendo seguido.

Em resumo, não me parece correta a postura de impedir o piloto de exercer sua profissão unicamente com base no fato de ele estar em tratamento insulínico.

O que é preciso efetivamente avaliar é o conhecimento da doença pelo piloto, sua rígida adesão às recomendações da equipe de saúde, a eficácia de seu esquema terapêutico e a amplitude da variação dos níveis glicêmicos com o tratamento recebido.

Em outras palavras, o tratamento insulínico per se não deve ser um parâmetro único para avaliar as condições clínicas do piloto. Os parâmetros que realmente devam ser considerados seriam: adequação do tratamento recebido + adesão do piloto às recomendações + ajustes frequentes da conduta terapêutica, sempre e quando necessário para normalizar o controle glicêmico.

Seguramente, esse meu comentário não pretendeu esgotar o debate sobre este problema mas, sim, o de observar a questão a partir de uma análise racional e motivadora para que o piloto paciente se sinta motivado para manter o bom controle do diabetes.

Por fim, informo que análogos de insulina são fármacos produzidos através da manipulação da molécula de insulina produzida a partir da engenharia genética e que propiciam um perfil de ação bem mais seguro e bastante eficaz para a promoção do melhor controle glicêmico.

A European Society of Aerospace Medicine ESAM reconhece que o risco de hipoglicemia pode ser reduzido com o uso de análogos de insulina. Informações complementares estão disponíveis no link abaixo:

diabetes.org.br/ultimas/rec...

Nos tópicos abaixo, você poderá encontrar mais informações sobre este nosso assunto.

aopa.org/Pilot-Resources/Me...

faa.gov/about/office_org/he...

Fonte: portal SBD

Informações do Autor

Dr. Augusto Pimazoni-Netto

Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

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