Diabéticos vão à Justiça por bombas d... - Diabetes, Aprende...

Diabetes, Aprender a Conviver - ANAD

1,651 members2,200 posts

Diabéticos vão à Justiça por bombas de insulina

FF49 profile image
FF49
0 Replies

No Paraná, 227 pacientes conseguiram ter o equipamento pago pelo estado. Especialistas fazem ressalvas quanto ao uso do dispositivo.

Fonte: Gazeta do Povo - Antonio Senkovski (AS)

Texto publicado na edição impressa de 24 de março de 2015

Diabéticos com dificuldade para conseguir controlar a doença com os métodos convencionais e gratuitos têm recorrido à Justiça no Paraná para tentar reverter a situação. A demanda é por um tratamento mais moderno, com o uso de bombas de insulina. O equipamento serve para injetar, em pequenas e contínuas doses, os medicamentos essenciais para a saúde dos diabéticos do tipo 1. Porém, a tecnologia não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos motivos é o preço: uma bomba custa de R$ 12 mil a R$ 15 mil e há ainda gastos mensais com insumos e manutenção.

Entre os 227 pacientes do Paraná com decisões judiciais favoráveis para usar o equipamento pago pelo estado está Adriana dos Santos Marian, 39 anos. Ela recebeu a reportagem em casa no dia do seu aniversário – sem bolo. O verdadeiro presente, no entanto, foi não ter mais os desmaios e convulsões frequentes. “Hoje estou muito feliz. Após o uso da bomba eu consegui ter uma boa melhora do meu quadro clínico de uma forma geral”, avalia. Com a dificuldade para manter os níveis de glicose em uma média aceitável desde o nascimento, Adriana estava praticamente cega por causa do rompimento de vasos sanguíneos no olho. Após o início do tratamento com a bomba, em 2008, ela voltou a ter a visão parcial em um olho, o que lhe permite ajustar o aparelho com a ajuda de uma lupa. Ela também festeja o fato de ter conseguido realizar, há três anos, o sonho de ser mãe.

Ações

“O paciente diabético precisa disso [bomba de insulina]. O ideal seria que todos usassem. Não existe essa de um precisa de mais, outro precisa de menos”, diz o advogado Ney Brandão, que ingressou com cerca de 200 ações na Justiça pedindo o equipamento, incluindo o pedido de Adriana. Brandão também é diabético. Ele convive há 28 anos com a doença e usa a bomba de insulina desde 2000. “Não quero julgar nem o poder judiciário e nem o estado. Essa doença não é brincadeira, ela mata e exige um tratamento melhor do que o SUS está proporcionando”, completa.

150 MILHÕES

de pessoas vivem com diabetes no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A estimativa é que esse número chegue a 300 milhões em 2025. No Brasil, entre 12 e 15 milhões de pessoas têm diabetes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes e das Associações de Pacientes.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou, via assessoria de imprensa, que as bombas de insulina não estão padronizadas na lista do SUS como equipamentos disponíveis aos pacientes. O órgão confirmou que 227 pacientes usam o equipamento no estado custeados pelos cofres públicos por decisão judicial. A Procuradoria Geral da União (PGU), por sua vez, informa que 455 pedidos relacionados a pacientes diabéticos foram feitos diretamente à União em 2014, mas nem todos são pedidos de bombas de insulina.

Para especialistas, equipamento sozinho não faz milagre

Especialistas reconhecem que a bomba de insulina traz mais recursos ao tratamento. No entanto, observam que o equipamento não serve para todos, porque o que determina o sucesso do controle dos níveis de glicose é, na maior parte dos casos, a disciplina do paciente.

“A questão principal não é o benefício que a bomba traz, é escolher o paciente certo para usar. Também não é um tratamento para todo mundo. Existem pessoas que não se adaptam e voltam a usar o método convencional”, explica a endocrinologista Ana Cristina Ravazzani, professora no curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Perfil

“Tem que ter perfil para ficar com o aparelho, precisa ser aquele paciente que conta carboidrato, analisa suas glicemias e toma a decisão de administrar a insulina”, diz Rosângela Réa, professora de endocrinologia na Universidade Federal do Paraná e médica no Hospital Pequeno Príncipe.

A especialista esclarece que o fundamental em um bom tratamento é a persistência, mesmo que demore para um paciente chegar à fórmula ideal para controlar o diabetes.

“A bomba é uma excelente arma para o paciente informado e já bem treinado.

Se colocar e não der orientação nenhuma pode ocorrer um controle até pior do que com um tratamento convencional.” (AS)

Written by
FF49 profile image
FF49
To view profiles and participate in discussions please or .