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ERROS NA AUTOAPLICAÇÃO DE INSULINA PODEM COMPROMETER A EFICÁCIA DO TRATAMENTO

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Fonte: SBD

Estudo multicêntrico brasileiro, apresentado no 74º Congresso da Associação Americana de Diabetes, realizado de 13 a 17 de junho, em São Francisco, na Califórnia, mostrou resultados altamente preocupantes em relação ao conjunto de erros cometidos por pessoas com diabetes durante a autoaplicação de insulina.

Esse estudo foi desenvolvido com a participação das respectivas equipes de educação em diabetes(*) nas cidades de Brasília (Dra. Hermelinda Pedrosa), Rio de Janeiro (Dra. Rosane Kupfer), Curitiba (Rosângela Rea), Porto Alegre (Dr. Balduíno Tschiedel), Jundiaí (Enfª Nilce Boto Dompieri) e São Paulo, tendo o Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da UNIFESP como centro coordenador. Esse estudo servirá de tese de mestrado pela Enfª Andrea Gallo.

A população do estudo incluiu 140 pacientes na faixa etária de 6 a 75 anos, sendo que 70% dos pacientes tinham o diagnóstico de diabetes há mais de 10 anos e, dentre esses, 63% estavam em insulinoterapia há mais de 5 anos.

Esse perfil da população indica que esses pacientes já tinham bastante experiência não apenas com a doença em si mas, também, com o uso de insulina. Nessas condições, teoricamente, esperava-se que também apresentassem um nível adequado de informações sobre as técnicas corretas de aplicação de insulina. Entretanto, não foi isso que o estudo mostrou.

Dentre os vários problemas apontados sobre as modalidades de erros durante a autoaplicação de insulina, certamente o aspecto mais grave detectado pelo estudo foi exatamente o erro do paciente ao aspirar do frasco a dose de insulina prescrita pelo médico. Sob a orientação e supervisão de uma enfermeira especialmente treinada, o paciente era solicitado a demonstrar sua habilidade em aspirar com precisão uma dose de 7 UI e outra dose de 22 UI, utilizando seringas com três diferentes capacidades de volume: 30 UI (com escala de uma em uma unidades), 50 UI (também com escala de uma em uma unidades) e 100 UI (com escala de duas em duas unidades, sendo a seringa utilizada no Brasil por cerca de 70% dos diabéticos em insulinoterapia).

O grupo de adultos, utilizando as seringas de 30 UI, apresentou uma taxa de erro de 34% ao aspirar uma dose de 7 UI, enquanto o grupo de crianças e jovens apresentou uma taxa zero de erro.

Com o uso das seringas de 50 UI, as taxas de erro foram respectivamente de 31% no grupo de adultos e de apenas 5% no grupo de crianças e jovens. A situação mais alarmante ocorreu em ambos os grupos quando os pacientes utilizaram as seringas de 100 UI, quando 50% dos adultos e 60% das crianças e jovens erraram ao aspirar a dose proposta de 7 UI.

É necessário ressaltar que o bom desempenho das crianças de jovens com as seringas de 30 UI e 50 UI deveu-se ao fato de que os pacientes desse grupo estavam plenamente familiarizados com esses dois tipos de seringas, mas tinham uma experiência bastante limitada no manuseio das seringas de 100 UI, razão pela qual este grupo apresentou a preocupante taxa de 60% de erros com esse tipo de seringa.

Numa segunda etapa, quando solicitados a aspirar 22 UI, utilizando os três tipos de seringas, os resultados foram mais ou menos semelhantes.

Infelizmente, os erros observados na aspiração da dose prescrita de insulina foram acompanhados de outros tipos de erros relacionados ao procedimento de autoaplicação de insulina.

Para que a insulina apresente uma ação terapêutica adequada e compatível com sua farmacocinética, é indispensável que ela seja aplicada no tecido subcutâneo.

O uso de agulhas com 12,7 mm constitui-se em sério risco de deposição de insulina na derme ou no tecido subcutâneo.

Se for injetada na derme, a insulina demorará mais para ser absorvida e, se for injetada no tecido muscular, a insulina será absorvida mais rapidamente que o normal, aumentando o risco de hipoglicemia.

Um aspecto não avaliado pelo estudo, mas que vem despontando como mais um fator de erro e de risco para a autoaplicação de insulina refere-se ao comprimento das agulhas utilizadas.

Estudos recentes mostram que a espessura da pele, em média, é de apenas 3 mm. Portanto, não mais faz sentido a utilização de agulhas de 12,7 mm, que se constitui na opção de cerca de 70% dos usuários.

A figura 2-A mostra o risco de aplicação intramuscular conforme o comprimento da agulha e a figura 2-B mostra a deposição correta da insulina no tecido subcutâneo, em comparação com a deposição indesejada da insulina no tecido muscular, devido ao uso de agulhas mais longas.

Mensagem final

O presente estudo foi o primeiro a quantificar a frequência dos diversos tipos de erros e problemas relacionados à autoaplicação de insulina. Os resultados apontam para uma necessidade urgente de implantação de projetos de educação em diabetes diretamente relacionados com a técnica correta da autoaplicação de insulina. Caso contrário, a insulinoterapia poderá perder muito de sua eficácia se o paciente não adotar as recomendações para uma aplicação correta e segura de insulina.

Dr. Augusto Pimazoni-Netto

Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes – Hospital do Rim e Hipertensão –Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

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